O que são
células estaminais adultas?

Imagine que a sua casa tinha a capacidade de restaurar fraturas, evitar a formação de ferrugem ou manter a pintura imaculada tal como quando a comprou! Ficção? Talvez...No entanto, o corpo humano faz isso diariamente de uma forma eficiente e quase impercetível.

Quando nascemos não trazemos células diferenciadas em número suficiente para substituir as células perdidas (por exemplo, perdemos milhões de células da pele diariamente mas não nascemos com uma reserva de células da pele capaz de compensar esses milhões perdidos diariamente). No entanto, trazemos um tipo de célula especial que só em situações particulares se começa a dividir e fá-lo de forma bastante eficiente: são as células estaminais adultas.

Ao contrário das células estaminais embrionárias - capazes de formarem todos os tecidos do corpo - as células estaminais adultas estão limitadas no que diz respeito ao seu potencial regenerativo.

A célula estaminal adulta é uma célula “comprometida” com a linhagem embrionária que lhe deu origem.

Por exemplo, uma célula do osso (linhagem embrionária mesoderme) não se pode transformar num neurónio (linhagem embrionária ectoderme). Estas limitações são um tema de debate constante, não sendo improvável a descoberta de um mecanismo que permita esta diferenciação inter-linhagem. No entanto, até ao momento, este mecanismo mantém-se elusivo e como tal, quando se dividem, estas células só se diferenciam em células da linhagem que lhes deu origem.

Onde se
encontram?

Enquanto a localização das células estaminais embrionárias está bem estabelecida e caracterizada, o mesmo não se pode dizer das células estaminais adultas. Muito provavelmente, as células estaminais adultas são ubíquas e somente limitações técnicas impossibilitam, por agora, a sua identificação e isolamento em alguns tecidos.

O que fazem
normalmente as células estaminais adultas no funcionamento do organismo?

O facto de estas células existirem em todos os tecidos não significa, necessariamente, que são semelhantes entre si e/ou que atuam da mesma forma. Em condições normais estas células são responsáveis por substituir células mortas. Fazem-no através de um mecanismo diferente de uma célula já diferenciada.
Por exemplo, enquanto uma célula da pele, quando se divide, dá origem a duas células da pele (divisão simétrica), a célula estaminal divide-se de uma forma especial: origina uma célula igual a si mesma e outra célula mais diferenciada (divisão assimétrica) a qual se continuará a dividir até eventualmente regenerar o tecido danificado.

Em tecidos como o sangue ou a pele, em que o tempo de vida de uma célula diferenciada pode ser inferior a um dia, as células estaminais adultas estão ativas quase em permanência. No entanto, em tecidos como o coração, as células estaminais adultas estão num estado “latente” sendo acordadas somente em situações de stress fisiológico.

Poder-se-á perguntar porque é que estas células não estão sempre ativas e a regenerar os tecidos para que nos possamos manter jovens até aos 90 anos. Ora sempre que uma célula se divide existe a possibilidade de ocorrerem erros na duplicação do seu material genético. Assim, as células estaminais adultas, para evitar a acumulação de mutações aquando da divisão celular, mantêm-se num estado latente e só se dividem quando ativadas por determinados estímulos (exemplo, após um enfarte).

Como atuam
diretamente no

tratamento de doenças?

As células estaminais adultas usam um arsenal variadíssimo nos processos regenerativo
Um dos principais é a sua ativação e subsequente divisão em células do tecido que necessita ser regenerado.
Outro mecanismo de regeneração passa pela secreção de fatores de crescimento e/ou outras moléculas que ativem a proliferação de células já diferenciadas.
Ademais, sabe-se que em algumas situações, uma resposta exacerbada do sistema imunológico compromete o processo regenerativo. Ora, estudos recentes demonstraram que as células estaminais adultas têm a capacidade de modular o sistema imunológico e dessa forma contribuem para uma resposta moderada do mesmo e simultaneamente aceleram os mecanismos de regeneração.

Provavelmente, em processos regenerativos, não existe um mecanismo prevalecente mas sim uma combinação de mecanismos.

A capacidade de isolar, congelar e expandir estas células torna-as uma fonte apelativa na Medicina Regenerativa. Ao passo que a segurança das mesmas tem sido demonstrada por centenas de ensaios clínicos, a sua eficácia é ainda motivo de discussão sendo necessários mais estudos para comprovar que o seu uso é de facto eficaz em todas e/ou algumas situações clínicas.
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