Mitos & Factos

Mitos & Factos do Sangue do Cordão Umbilical

Mito 1
Impossibilidade de utilização autóloga (pelo próprio)
Uma criança nunca poderá ser tratada com as suas próprias células estaminais.
Em algumas situações clínicas o uso autólogo de células estaminais (células estaminais do próprio) não é recomendado. Quando por exemplo uma criança apresenta uma doença genética, como a anemia falciforme, não deverá usar as suas próprias células. Em alguns tipos de tumores, como algumas formas de leucemias que ocorrem nos primeiros anos de vida, o surgimento tão precoce de tal doença pode indicar uma componente genética da mesma. No entanto, se o tumor ocorrer mais tarde, o transplante autólogo com sangue do cordão umbilical será preferível ao transplante autólogo de células adultas recolhidas durante a remissão da doença, em que existe o risco de células tumorais residuais poderem causar uma recaída na doença.

O transplante autólogo com células estaminais do sangue do cordão umbilical tem a vantagem de não apresentar risco de doença do enxerto contra hospedeiro (um dos riscos mais graves após transplantação). Para além disso, uma vez criopreservadas, estas células encontram-se imediatamente disponíveis e apresentam baixo risco de mutação.

As células do sangue do cordão umbilical apresentam um enorme potencial para serem usadas em medicina regenerativa. Para as utilizações na área da medicina regenerativa as aplicações autólogas (células do próprio) são vantajosas por não colocarem problemas de incompatibilidade. Estima-se que no futuro um grande número de pessoas possa vir a beneficiar de aplicações das células estaminais na área da medicina regenerativa.

Todos os anos são realizados milhares de transplantes autólogos em todo o mundo.

Nos casos em que as células estaminais não podem ser usadas, o sangue do cordão umbilical de um irmão (compatível) será a melhor opção, o que constitui uma das razões pelas quais é tão importante guardar o sangue do cordão umbilical de todas as crianças da família.
Mito 2
Baixa probabilidade de uso das células estaminais
A probabilidade de uma família, sem história de cancro ou doença, vir a utilizar o sangue do cordão umbilical é tão baixa que não se justifica guardá-lo.
A história familiar não constitui um bom indicador de confiança, pois a maior parte das leucemias (doenças em que são mais comuns os transplantes com células estaminais) não são hereditários e as causas não são conhecidas.

De acordo com investigação recente, a probabilidade de uma pessoa, ao longo da sua vida, poder vir a fazer um transplante hematopoiético autólogo em algum dos tratamentos que atualmente se fazem com células estaminais hematopoiéticas é de cerca de 1:450. Por outro lado, a probabilidade de uma pessoa vir a precisar de um transplante hematopoiético autólogo (células do próprio) ou alogénico (células de um dador compatível) ao longo da sua vida é de 1:200. Estas estimativas ainda não incluem as aplicações emergentes em áreas como a paralisia cerebral e outras doenças neurológicas. Estima-se que o progresso contínuo nos tratamentos médicos venha a aumentar a probabilidade de uso das células estaminais do sangue do cordão umbilical ao longo da vida.

A terapia celular com células estaminais está a evoluir rapidamente, por isso é difícil prever com segurança as probabilidades de uma família vir a usar as células estaminais no futuro.
Mito 3
Perda de viabilidade das células após armazenamento prolongado
Depois de prolongado armazenamento, as células estaminais do sangue do cordão umbilical perdem viabilidade.
Os dados científicos existentes mostram que as células estaminais do sangue do cordão umbilical armazenadas por cerca de vinte e cinco anos têm as mesmas características que tinham aquando do seu armazenamento. No entanto, à semelhança de outras células e tecidos, é provável que as amostras se possam manter criopreservadas por períodos bastante mais longos, em teoria, indefinidamente.
Mito 4
Amostras do banco público são suficientes para cobrir todas as necessidades
Não há necessidade de guardar o sangue do cordão umbilical do meu filho num banco privado porque posso usar o meu ou o de outra pessoa guardado num banco público.
Quando se doa ao banco público, se a amostra de sangue do cordão umbilical for elegível é guardada e fica internacionalmente disponível para qualquer paciente que dela precise, não se encontrando reservada para o próprio ou para a sua família. Por isso, se for necessária, não se pode assumir que ela se encontre disponível para a família que a doou.

Para que as famílias possam tomar uma decisão informada é importante compreenderem que nem todas as amostras doadas são guardadas. Uma grande percentagem das doações podem ser rejeitadas pelos bancos públicos baseadas na história familiar, história médica materna, volume de sangue colhido e exames à amostra de sangue materno. Só os bancos privados asseguram que o sangue do cordão umbilical é guardado e se encontra disponível para a família, em caso de necessidade.

As células estaminais de um familiar (de preferência um irmão) são geralmente a melhor opção de tratamento em situações em que é necessário fazer um transplante, uma vez que está associado a menos complicações, aumento da sobrevivência e melhor qualidade de vida após o transplante. Assim, embora os bancos públicos possam disponibilizar uma amostra adequada para o transplante, ela pode não ser a melhor. Para além disso, não há garantia de que uma amostra compatível esteja disponível num banco público. Muitos doentes não conseguem encontrar um dador compatível, especialmente aqueles que pertencem a minorias étnicas, por se encontrarem pouco representados nos bancos públicos.
Mito 5
A colheita de sangue do cordão umbilical é prejudicial ao bebé
O sangue do cordão umbilical é colhido depois do bebé nascer. Os procedimentos normais dos profissionais de saúde que assistem ao parto não se alteram em nada até à clampagem do cordão umbilical, independentemente de os pais pretenderem ou não que seja feita a colheita de sangue do cordão umbilical.

Durante o parto, os profissionais de saúde avaliam continuamente o bem-estar da mãe e do bebé e esse bem-estar será, sempre, naturalmente prioritário. Na esmagadora maioria dos casos, quando o parto decorre com toda a normalidade, a colheita de sangue de cordão é um procedimento simples e seguro, e evita que um bem único seja descartado como lixo biológico.

Se, no entanto, surgirem problemas ou situações mais complicadas, em que seja preciso dar assistência à mãe ou ao bebé, não se faz a colheita de sangue do cordão umbilical.

Esta colheita pode ser realizada "in utero" (antes da expulsão da placenta) ou "ex utero" (após a expulsão da placenta), com eficiência semelhante, desde que não passe demasiado tempo após a clampagem do cordão umbilical.
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